segunda-feira, 23 de março de 2015

Sobre o que nunca foi e nunca deixou de ser.




Das coisas que eu preciso sentir, seu gosto é uma das mais urgentes.
Entre tudo que ocupa meus pensamentos, seu quadril encaixado no meu é o que mais tem me tirado o sossego.

Das vontades que eu tenho guardadas, rebolar no seu colo é a primeira da lista. (e a segunda, a terceira...)
Em meio a tantos desejos deixados pra depois e substituídos por outros desejos, continuo te esperando chegar e realizar nós dois. 
Alguns quereres foram feitos pra acontecer, sem se preocupar com antes, sem pensar no depois, com a pressa de quem esperou demais e com a doçura de quem tem a vida inteira pra realizá-los.
Passou tanto tempo e eu continuo me sentindo tão sua... 
Vem cá buscar o que é teu?



K.

domingo, 9 de novembro de 2014

Reencontro.





Nos últimos dias o mundo lá fora tem passado 'batido' pra mim. Estou ocupada demais olhando pra dentro.
Tenho sido dura comigo: ando me dizendo verdades que ninguém tem coragem de dizer (e eu nem aceitaria que dissessem), reconhecendo derrotas, aceitando que muitas coisas chegaram ao fim mesmo contra a minha vontade, e tirando da minha vida quem não me acrescenta, pelo contrário: me diminui.
Também tenho me esforçado pra lembrar das tantas vezes que tentei e consegui. Do quão capaz eu era de 'me virar' sozinha, de transformar angústias em aprendizado, de dar a volta por cima quando muita gente no meu lugar teria ficado pelo caminho lamentando, chorando os não's da vida.
Nada foi muito fácil pra mim. Travei batalhas com a vida que teriam derrubado muita gente metida a valente. (Por onde anda aquela moça que acreditava em si mesma?)

Encarei ausências de pessoas que são essenciais ao nosso crescimento, fui muitas vezes meu próprio colo, meu próprio ombro. Chorei sozinha quando não consegui corresponder às expectativas de pessoas que diziam 'só querer o meu melhor'.
Nunca fui boa pra seguir padrões: quebrei muitas regras e parti a cara e o coração muitas vezes também. Mas eu mesma juntei os cacos e recomecei.
Senti vontade de abrir mão de mim, até me abandonei por algum tempo. Não conseguia me imaginar vivendo um futuro feliz e olhar pra trás me doía: só me restava a desistência.
Cansei de ouvir que eu precisava 'esquecer, dar um jeito, me sentir melhor, superar, me ajudar', mas a cada palavra de quem exigia de mim o que eu (achava que) não conseguiria alcançar, eu sentia mais vontade de sumir do mundo.

Hoje eu assumo a culpa por quase tudo que sofri. Tantas vezes deixei que me magoassem (mesmo que inconscientemente) pra me castigar, pra poder me vitimizar, pra sentir pena de mim mesma.
Mas também me perdoo. Passou, não vai voltar, e ficar remoendo mágoas, carregando culpas, arrastando corrente pelo que não pode ser mudado não ajuda, só pesa, aperta o peito, me faz me sentir menor.
Resolvi deixar o passado passar e aceitar que sou o que sou por causa dos tombos, dos tropeços, das lágrimas, das derrotas, mas também por causa de todas (muitas) as vezes que eu poderia ter desistido e segui em frente e enfrentei meus medos.
Sou a soma dos fracassos, das conquistas e de uma fé em mim que eu não sei de onde vinha. O fato é que tem muita vida pela frente e pra lá que eu vou olhar.
Porque a maturidade me ensinou que o primeiro passo é o começo de tudo que pode ser bonito, é só levantar e caminhar.

K.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

outra vez.





Era tão bom poder te procurar pra falar de saudade. 
E quando eu te olho parece que o tempo não passou, percebo que as vontades permanecem intactas esperando acontecer outra vez, esqueço a dúvida, reforço a certeza de que seria lindo ter você aqui e fico torcendo pra que você volte.
É um puta clichê, mas eu podia ser tão eu ao seu lado. E enquanto você tirava a minha roupa, eu me despia dos medos, das crises, das neuras. Me sentia com a alma nua e livre pra ser do jeito que eu precisava ser, me sentia mais minha do que nunca quando era sua. 
E era quando você me puxava os cabelos e me apertava a cintura que eu encontrava a paz.
Não existe 'para sempre', mas os segundos com você tinham cara de eternidade. 
Aquele nosso tempo acabou, mas eu (ainda) te quero como antes. 
Volta pra ficar? Nunca é tarde pra recomeçar o que um dia foi tão bonito... 




K.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Não faz sentido? Mas eu sinto.



Não pode mais ficar triste. Não pode gastar alguns (muitos) minutos lamentando o que passou ou o que nunca vai acontecer, não pode atravessar os dias olhando pra dentro, suspirando entre uma lamentação ou outra, querendo distância de gente feliz-sorridente-positiva demais. 
Não pode desejar um tempo pra si e se esconder embaixo do cobertor vendo filme deprê-água-com-açúcar enquanto o mundo lá fora comemora sei-la-o-quê.
Eu me recuso a forjar felicidade, a dizer "tudo bem" enquanto tudo vai mal, a rir sem achar graça e enxugar o rosto porque minhas lágrimas incomodam alguém. 
Não dá pra viver desacreditando, mas ninguém é feliz o tempo inteiro e fingir que não está doendo é dor em dobro: e eu me recuso. 
Deixo doer, deixo o (meu) tempo passar, deixo a vida curar, aceito as feridas sem ter medo de novos tombos, mas não vou esconder a cicatriz porque 'os outros' querem que eu faça isso.
Quando dói eu desabo, eu choro, eu me arrependo dos erros mesmo sabendo que ajudam no aprendizado, eu reclamo, eu me pergunto 'e se fosse diferente?', eu demoro a aceitar. Mas eu não ignoro a dor, só me esforço para lidar com ela e entender que é inevitável senti-la vez ou outra, mas que ela está só de passagem, raramente vem pra ficar. 

E em um mundo onde tantas pessoas estão mais preocupadas em fotografar o momento feliz do que em vivê-lo eu sou aquela que prefere sentir cada segundo e tirar dele o melhor de mim. 
Não espero que entendam ou aprovem, só quero me preocupar mais em 'ser' do que 'parecer' e assim poder ficar em paz comigo, com o que eu sinto e com quem eu -realmente- sou.




K.