sábado, 23 de abril de 2011

Depois da chuva.






É que eu não sou uma pessoa paciente. Essa coisa de espera, definitivamente, não é pra mim. Até posso querer, mas esperar só se for vivendo muito bem.
E vivendo bem, eu corro o risco de não querer mais.
Ando pensando tanto. Como nunca! Às vezes me sinto em um exílio, com papel, caneta e pensamentos borbulhando.
Eu sempre pensei demais. Fantasiei muito. E isso já me fez perder tantas coisas... (Ou não?)
Perder é tão relativo, né? Conforme o que acredito (e a vida me ensinou), tudo é escolha. Tudo é fase. Aprendizado. E tudo passa. E muitas vezes, volta! Por isso, aprendi a não comemorar antes do tempo. E antes do tempo é sempre, todos os dias, enquanto o tempo não acabar.
Eu penso que, quando a gente não se importa mais com alguém, a gente ignora, e se não conseguimos ignorar, é porque de alguma forma aquela pessoa nos incomoda.
E o maior passo em falso que alguém pode dar é demonstrar insegurança. Aprendi isso também. E aprendi verdadeiramente, a ponto de não repetir mais. E de sentir pena de quem demonstra desesperadamente seu medo. Até entendo. Mas sinto pena.
Já me vi dia após dia tentando tomar coragem pra abrir mão de algo, e quando ele se foi, doeu tanto! Mas sabe quando parece que dói mais não ter tido coragem antes? Ficou inacabado. E na minha vida, tudo precisa ir até o fim. Por isso sei que um dia, vou lá terminar o que comecei. Tenho essa certeza. Coisas inacabadas não me deixam sossegar direito.
Mas eu ando tão em paz. Eu sei, todo mundo diz que eu sou a contradição em pessoa.
Será que é porque sou geminiana? Sei lá se eu acredito nisso.
Sei lá o que eu quero pra mim, de verdade. Eu sei é o que não quero mais.
Pra mim as coisas só acabam quando não existem mais dentro de mim.
E tantas coisas acabaram nesse ano que ainda nem está na metade.
E nada recomeçou ainda, ou talvez, eu mesma tenha recomeçado.
A me ver de uma forma nova. A acreditar em mim. A entender que nem tudo é permanente, e nem tudo o que tem que ficar fica! E vi como eu sou capaz de marcar as lembranças de alguém. Mesmo que não seja pra sempre. Mesmo que não seja pra agora. Vi como minha intensidade me faz ficar de alguma forma na vida das pessoas, mesmo que elas não fiquem na minha.
Anos em meses. Parece que foi assim. E isso ninguém esquece, né? Eu sei, eu sei. Nisso que ele falou, eu acredito muito.
E quando as pessoas me diziam que nunca o tinham visto daquela forma, se doando tanto, tão inteiro, era bom ouvir. Mas eu já sabia. Todo mundo dizia. Não eram algumas pessoas, entende? Mas eu enxergava isso. Nem precisavam me dizer, só não enxergava quem não queria.
Tem coisas que não são pra agora, sabe? Mas por mais doidas que pareçam, a gente sabe que são pra um dia. Não precisa parar pra esperar. Elas acontecem porque tem que ser.
Nesse momento, eu não quero nada. Quero continuar assim, refletindo, me conhecendo, me entendendo, e jogando fora tudo que não presta mais, que não acrescenta. Revirando minha alma, encontrando sentimentos há tempos perdidos, mas que faziam de mim uma pessoa mais forte e resignada aos perrengues da vida. E tenho descartado coisas que só me fazem regredir. Essa mania de me boicotar, de amar demais e não deixar que me amem da mesma forma. Não acreditar no que é tão óbvio. No que todo mundo vê, menos eu, e minha mania de não aceitar a felicidade.
Sério, minha ex-terapeuta me disse isso. Que eu não aceito a felicidade, por medo de perdê-la. E perco. Sempre perco.
Mas agora tem a fé que me move, e a crença de que a vida vai me dar outra chance de fazer diferente.
Ah sim, pode deixar, eu vou me cuidar!


[K]








"Mas não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo me completando... mas falta um bocado."

[Clarice Lispector]


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