domingo, 24 de abril de 2011

ela.




Fiquei mais de uma hora parada, olhando pra ela. E pude notar o quanto ela mudou, sem ao menos perceber, e não por causa da idade e do tempo, mas dos acontecimentos recentes.
Ela tinha marcas dos tombos que levou nos últimos meses, um olhar mais cansado, e perdido, que se agitava de repente, como se ela estivesse lembrando algo ruim, que a incomoda e machuca. Mas ao mesmo tempo, ela parecia mais tranqüila, e resignada aos problemas que a vida impõe, e apesar de tudo, alias, em função de tudo, ela passou a acreditar que o tempo realmente ensina a lidar com os problemas e até achar solução pra eles. Ela não era mais a mesma. Normal, eu sei. E bom também. Achei uma mudança positiva, apesar do medo que ela adquiriu, de confiar e se jogar nas coisas, como ela sempre fez.

Mas ela parecia estar em paz. Mais do que em qualquer outro momento da sua vida. Uma paz merecida e batalhada, que vem com o amadurecimento, o tempo e os tais tombos. Porque depois deles, poucas as coisas são capazes de tirar a paz de uma pessoa… Eu vi nela coisas que eu nunca tinha parado pra notar. Uma vontade absurda de fazer as coisas darem certo, de ser feliz, de fazer os momentos valerem. Vi menos confiança em si mesma, e menos confiança nos outros. Vi vontade e menos coragem. Vi receio e esperança. Vi a indecisão de sempre, agora com outros nomes.


E muitos, muitos sonhos, e palavras soltas!
Vi inspiração e um amor novo no peito.
Vi saudade que não passa, mas o tal amor, que conforta.
Vi que ela faz planos, e vi medos que a travam e impedem de planejar mais.
Passei uma hora refletindo. Pensando como consegui esquecer de mim mesma durante todo esse tempo, a ponto de me olhar, e não me reconhecer. Passei uma hora olhando pra dentro e começando a plantar uma amizade com essa pessoa tão estranha pra mim, e tentando conhecê-la aos poucos e tentando fazer com que ela confie mais em mim.


[K]


 

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