sábado, 10 de setembro de 2011

reticências



Todo mundo dizia que ele nunca foi com outra, o que era com ela.
E ele dizia a mesma coisa. E tantas outras bonitezas de se ouvir. Demonstrações públicas de um afeto que transbordava.
Eram tão diferentes, e se completavam mesmo assim.
Tipo encaixe perfeito. De bocas, de quadris e de vontades.
Ela bossa nova, ele rock and roll.
Ela Florbela Espanca, ele Friedrich Nietzsche.
Ela intensidade, ele equilíbrio.
Ela poeta, ele inspiração.
O tempo que cura, também afasta. As diferenças que completam, também minam um relacionamento.
A poesia virou rotina, as palavras bonitas faltaram, o que era doce, realmente acabou.

Ele ausência. Ela silêncio. Os dois, saudade.


Karla Tabalipa

3 comentários:

  1. Karla do céu que texto LINDO! Me identifiquei, me arrepiei, me vi aí nas suas palavras! Eu sou sua fã e não nego! Seus textos me tocam demais!

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  2. Meu Deus! Você consegue escrever cada diia MELHOOOOOOOR! Fico encantadaa!
    Muito lindo *-*
    Você é de mais!
    'O tempo que cura, também afasta.'

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  3. É lindo a gente se ver nas palavras do outro, não acha? Mas o mais interessante é ver como há realidades semelhantes, detalhes completamente iguais e que a gente acha que só acontecem com a gente. Quantas delas amam Florbela e eles Nietzche?
    Lindas suas palavras...
    Não só essas, sempre ando por aqui lendo e me encantando com tudo. Mas esse texto foi agora um espelho de um passado que tbm me pertenceu.

    Abraços,

    Juliana.

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