Do fim ao recomeço.

É mais ou menos assim...

Mesmo que você não esteja bem com a pessoa, quando ama, você quer tentar dar certo. Recuperar o que um dia fez valer à pena. Começar de novo. Enfim.

Você reconhece o desgaste, mas sabe que um relacionamento não é uma coisa, que gasta e não pode mais ser usada...

Você entende que as coisas não são como antes, mas sabe que o amor que você carrega no peito, é o mesmo de sempre...e tenta. Insiste. Mesmo cansada, carente, no melhor estilo ‘solidão a dois’.

E aí, nem tudo sai conforme seus planos, e chega o fim.

E você não aceita. E chora o choro mais triste do mundo.

E questiona. E acusa. E tenta entender o que não tem explicação.

E o que a pessoa não faz questão de explicar, porque seria uma espécie de auto-acusação.

E quando me diziam que um relacionamento que acaba por causa de mentiras costuma doer mais, eu não entendia a dimensão disso.

E você passa dias oscilando entre raiva e saudade.

Porque a sua porcaria de memória seletiva, fica puxando pra você aqueles momentos que te matam por dentro e fazem você pensar que perdeu o homem da sua vida.

Mas se perdeu, acredite...não era o seu cara! Mas você vai demorar uns dias pra entender isso. O que é normal.

Os tais dias vão passando e você vai procurando nas pessoas mais próximas, a cura pro que você sente. Mas elas só sabem dizer que o tempo é a cura. E você diz que acredita, meio sem acreditar. E quem te faz entender que elas estavam certas, é realmente o tempo, que coloca dias lindos na sua vida, outras pessoas, distrações, (pré) ocupações que fazem você esquecer por completo tudo que te faz ficar triste.

Aí você corre de um lado pro outro, e inconscientemente ou não, se enche de coisas pra fazer a cada dia. E quando para pra pensar, uma mistura de sentimentos te confunde.

Você já não sente mais raiva. Sente tristeza. E pensa como alguém que foi tão lindo na sua vida, pode fazer tudo terminar de um jeito tão feio. E pensa se ele mente, dizendo aos outros que nunca te amou, e isso te incomoda e entristece. Mas você segue, com os dias que você tenta fazer que sejam bonitos, e com as pessoas que tentam enfeitar os seus dias.

E às vezes, sente vontade de ligar, mandar e-mail, saber se ele sente sua falta. Às vezes você tem certeza que ele sente, que pensa nos momentos bons, ou que sente saudade quando passa em frente àquele lugar que era tão de vocês dois.

Mas você não liga. E se sente forte por isso. Porque sua impulsividade tão grande, é menor do que seu amor próprio, e você sabe que não precisa ter contato com alguém que sabendo que te machucaria, ainda sim machucou.

Você se arruma mais. Você amadurece. Você olha pra dentro e começa a enxergar suas qualidades e rever seus defeitos...e com os dias, você começa a relembrar os maus momentos, e a reconhecer sua parcela de culpa...você nota que muitas atitudes que você teve, levaram a pessoa a querer se afastar, e reconhece que de certa forma, foi o melhor pra você. Mas ainda dói. Porque tem as tais mentiras no meio de tudo.

Agora você já nota que não ama mais. Que sente falta do que era bom. E como era bom...e lindo. E essas coisas, vão ficar. Não só pra você, pra ele também.

E você lembra de tudo que ele já fez por você e abriu mão, por sua causa. E também lembra de quantas vezes você quis terminar e não teve coragem.

E aí não dói mais. Apesar de entristecer ainda. Talvez entristeça pra sempre. Porque coisas bonitas não deveriam acabar. Mas se você não cuida, acabam.

Então você percebe que não pode colocar sua felicidade nas mãos daquilo que pode perder. Você nota que sua felicidade está dentro de você, e embora pareça frase de livro de auto-ajuda, felicidade vem de dentro, de fato.

E aquela dor que era quase física, aquelas noites de choros intermináveis, e aquela saudade gigante, não existem mais, e aí sim, você pensa que dentro de poucos dias, não vai sentir nenhuma mágoa, nada de saudade e nem vontade de saber como ele está.

Você pode deixar de confiar no amor. Eu não deixei. Eu acredito muito que algumas pessoas estão por aí, sabendo bem o que querem, de coração muito bem resolvido.

E você começa a desenhar na sua mente o que quer pra si. Aprende que convivência é importante pra saber onde ‘está pisando’, com quem está lidando...

E aprende que, se a pessoa já mentiu em um relacionamento anterior, falou muito mal de ex, e coisas do tipo, ela provavelmente, fará o mesmo com você.

E aprende tantas coisas, e abandona vícios e deixa defeitos pra trás.

E se sente mais segura, porque aprendeu que pode perder e se recuperar.

E começa a achar que a vida realmente sabe o que faz, e que certas pessoas têm prazo de validade na sua vida. E finalmente, você consegue deixar a pessoa ir embora. Da sua cabeça, do seu coração...e o que ela diz sobre vocês dois, se amou ou não, o real motivo do fim do namoro, e o que ele pode sentir quando pensa em você, se é que pensa, não te interessa mais. De verdade. Tanto faz.

E então você se recuperou do que achou que te mataria de tristeza. E saiu bem mais forte, mais mulher. E cabe a você não deixar que esse sofrimento todo tenha sido em vão.

Usar o que aprendeu de forma positiva. Transformar um momento tão difícil em aprendizado e usar tudo que aprendeu pra ser mais feliz, e pra buscar o melhor.

E você se pega pedindo a Deus pra não permitir que você magoe alguém, como foi magoada.

E você sente orgulho por ter saído limpa de uma história como essas, de consciência tranquila e coração em paz.

E em meio a tudo isso, você cresce e faz jus à vida.

E quando olha em volta, percebe o quanto é feliz. Pela força. Pelas pessoas que te cercam. Por coisas novas que a vida colocou no seu caminho e que não teriam acontecido se você não tivesse passado por tudo isso.

Você entende que quem perdeu, não foi só você.

E talvez, você tenha ganhado mais do que perdeu.

E você sabe que nada é permanente, e que o tal tempo que te curou, pode ainda te surpreender. E te colocar pra resolver muitas coisas que ainda estão pendentes.

E você reforça sua fé. E passa a acreditar muito mais.

Em Deus. No tempo que cura. E em você.

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